segunda-feira, 23 de julho de 2007

Os Cátaros


Na idade média, mais precisamente no Século XII, a Igreja tornou-se uma instituição de riqueza e privilégio. Com freqüência, padres e bispos viviam no luxo. Em grande parte, foi como reação contra o esplendor indecoroso da Igreja que o catarismo se enraizou, primeiramente no norte da Itália, e depois por todo o sul da França.

Temendo a repressão da Igreja, os primeiros cátaros mantinham-se reservados. Crescendo, puderam assumir-se abertamente sob a proteção de senhores feudais poderosos, capazes de desafiar o papa. No sul da França, o catarismo e outro movimento vagamente semelhante, conhecido como waldensianismo, tornaram-se, na prática, as religiões oficiais. Chegando a um ponto em que se tornou demasiado incômodo tanto para Roma como para a França.


Catolicismo e Catarismo entraram em nítido conflito.

Pelos católicos, a salvação vinha através do sofrimento físico de Jesus, que morreu na cruz, tirando o pecado do mundo e redimir a humanidade.

Pelos cátaros, a redenção da humanidade vinha dos Ensinamentos e do Exemplo que Jesus veio nos dar.


Os cátaros rejeitavam a visão bíblica da criação e, com efeito, todo o Antigo Testamento. Um cátaro alcançava a salvação mediante o conhecimento da verdadeira origem e destino da humanidade.

Ao contrário dos católicos, os cátaros acreditam na reencarnação. Rejeitavam o batismo, a cruz como símbolo, a confissão individual e todos os ornamentos religiosos. Os serviços eclesiásticos eram simples e podiam ser realizados em qualquer parte. Consistiam de uma leitura do evangelho, um sermão breve, uma bênção e a Oração do Senhor. Só tinham duas classes ou graus: os iniciantes e os Perfectis.

A abordagem “de volta ao básico” da liturgia feita pelos cátaros antecipou a simplicidade de algumas das seitas protestantes de épocas posteriores.

O principal ponto de discordância entre eles e a igreja, foi que os cátaros não admitiam qualquer tipo de intemediação entre o homem e Deus. Eles insistiam em que todos podiam e tinham o direito de vivificarem diretamente uma relação com Deus. O que chocou-se frontalmente com a religião romana, hegemônica em toda Europa, e base da estrutura social, cultural econômica e religiosa do Feudalismo, intermediária única e imposta aos homens entre Deus e a Humanidade.

A Igreja Católica que precisava manter o poder, os reconheceu como hereges e tudo fez para evitar a sua expansão.

As regiões cátaras do sul da França estavam sob o controle político do conde Raymond VI de Toulouse, também cátaro. Então a igreja tentou primeiramente levar o povo cátaro de volta a igreja em missões de catequese por monges cistercianos liderados por Bernardo de Clairvaux. Sem muito sucesso, desanimou Bernardo.

Bernardo era vaiado e pelas ruas de Toulouse.

O papa convocou uma cruzada para varrer a heresia de uma vez por todas. Ou seja: extinguir os cátaros da face da Terra.

Muitos cavaleiros franceses atenderam ao apelo do papa que prometeu em compensação para aqueles que participaram da campanha, a partilha e doação das terras aos barões que as conquistassem, ou seja, converter-se-iam em senhores feudais.

Ao povo, além da promessa de Salvação dada pelo papa, quem se unisse a cruzada por no mínimo 40 dias, teria também como incentivo, a posse dos despojos materiais do território conquistado.

Era a primeira cruzada contra um inimigo da igreja dentro da Europa, o que não exigia tempo nem despesas como uma cruzada na Terra Santa.

Os cruzados com 20.000 cavaleiros montados à frente de um enorme exército, em sua primeira grande vitória, tomaram a cidade de Beziers e massacraram quase todos os habitantes, entre eles muitos que se consideravam católicos leais. Quando perguntado ao papa como distinguir entre hereges e católicos, este respondeu: “Matem a todos. Deus se encarregará dos seus”.

Mas a fé cátara era forte e as legiões papais enfrentaram uma longa luta. Quase 40 se passaram antes que os cruzados esmagassem a última resistência armada e células secretas de fiéis cátaros sobreviveram por mais meio século.

A CRUZADA ALBIGENSE Nesta cruzada, na cidade de Albi, recorreu a Simon de Montfort (1209 - 1224) e ao Rei Luis VIII (1226-1229), mas eles não conseguiram erradicar o catarismo de forma definitiva. Foi a Inquisição (1233 -1321), a instituição que realmente o conseguiu.

Uma medida do peso do catarismo sobre seus seguidores pode ser vista na disposição destes para o martírio. Milhares de perfecti, diante da opção entre a morte e a conversão ao catolicismo, negaram-se a renunciar a sua fé. Morreram, às vezes de fome, acorrentados às paredes de calabouços, mas em geral queimados publicamente em grandes piras.








A história e a religião dos cátaros estão sendo cada vez mais conhecidas. É até possível falar de uma renovação, pois suas idéias estão refazendo seu caminho. Com relação a isso, não há dúvida de que uma releitura do Novo Testamento, à luz da exegese cátara, pode trazer uma nova e bela iluminação à compreensão do cristianismo. No alvorecer do terceiro milênio, os cristãos talvez se interessem em buscar nos cátaros algo da essência de sua religião de origem.

2 comentários:

Antonio Carlos disse...

uma das épocas mais negras e sangrentas da humanidade onde se reuniu ódio, ortodoxia e fanatismo religioso, sem falar em crueldade do homem para com o homem, por essa razão, minha religião é a do Cristo, qual é ela?

ana paula disse...

É incrível o que a igreja católica fazia para manter o poder o que faz a ambição dos homens ...