domingo, 2 de setembro de 2007

Ver para crer

350px-Caravaggio_-_The_Incredulity_of_Saint_Thomas.jpg

O espírito de Jesus entrou na sala fechada onde se encontravam os dicípulos e Jesus, e após desejar-lhes paz, disse a Tomé:

"Põe teu dedo aqui e vê minhas mãos! Estende tua mão e põe-na no meu lado e não sejas incrédulo, mas crê!" Respondeu-lhe Tomé: "Meu Senhor e meu Deus!"
Jesus lhe disse:
"Porque viste, creste. Felizes os que não viram e creram!"


Ver para crer significaria apenas conferir o corpo em carne de Jesus? Jesus que sempre falou do espírito sobre a carne? Jesus que passou pela porta fechada para entrar na sala?

Jesus, que disse no Evangelho de Tomé: — "Seria uma maravilha se a carne tivesse surgido por causa do espírito. Mas seria a maior das maravilhas se o espírito tivesse surgido por causa do corpo. Estou realmente surpreso pela forma como essa grande riqueza fez morada nessa pobreza." — certamente disse muito mais que isso, afinal a carne e o sangue não herdam o reino dos céus.
Certamente Jesus, quando nos disse que podemos fazer igual e até mais que ele não foi mero jogo de palavras, se nos falou era Verdade, logo, somos da mesma essência. Simples assim.

A vida já é um milagre. A Natureza também. Acaso a Natureza, criação de Deus, não é perfeita? Precisamos derrogá-la, ultrapassá-la para assim torná-la perfeita? Certamente não podemos afirmar que a Natureza seja completamente compreendida, mas enquanto o perecível perece, não há como ter fé no perecível que ressurge sem qualquer desconforto, ainda mais quando a própria fonte que assim fala diz que carne é carne, espírito é espírito
Por que os cristãos, aqueles que representam Jesus, não valorizam o que Jesus nos disse? O que ele nos disse é tão perfeito que ultrapassa qualquer religião, torna-as obsoletas, se cada palavra fosse colocada em prática, o mundo seria realmente melhor e mais justo, mas ainda assim, para seus seguidores, seriam meras palavrinhas bonitinhas se Jesus não fizesse milagres, se não ressucitasse, se ficasse limitado à Natureza criada por Deus.

Que fé é essa que não sobrevive nem a própria obra de Deus, do jeito que ela é?
Melhor milagre seria os cristãos amarem o próximo sem que para isso tivesse que o levar a igreja. Somente viver esta boa nova — que já virou teoria velha e mera isca de igreja — independente do que aconteceu com Jesus após nos dizer isso.


PS: Nessa bela pintura, Caravaggio se preocupou mais em representar na imagem as palavras e na representação realista das personagens, não se preocupando com a beleza delas. Colocou-os rudes como eram os dicípulos de Jesus, homens do povo. No Evangelho, não acredito que Tomé o tocou.

Um comentário:

Lau Verrengia disse...

Adorei, Vince.
Curto e grosso:
Jesus ter ressuscitado ou não no corpo físico não deveria mudar nada, nem ser tão importante.
O que interessa é que a vida continua e não é aqui na Terra.